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O Jogo de Areia/Sandplay

O Jogo de Areia/Sandplay foi desenvolvido entre 1954 e 1956 por Dora Maria Kalff, analista suíça, formada no Instituto C. G. Jung em Zurique. Trata-se de um procedimento lúdico e criativo que utiliza ampla coleção de miniaturas e caixas com areia, nas quais a pessoa é convidada a criar cenários para assim se expressar em nova linguagem.

 

As miniaturas representam um pouco de tudo que existe no mundo (pessoas, objetos, construções, alimentos, plantas, animais, paisagens, monstros, divindades). Além disso, a areia também pode ser utilizada para criar formas variadas ou desenhos.  A ideia do Jogo de Areia é que a pessoa, além de falar sobre suas experiências, também monte cenários com os elementos disponíveis para expressar seus conflitos e angústias inconscientes.

 

O “Sandplay – Jogo de Areia” inicialmente foi utilizado somente com crianças. Porém, em decorrência dos comentários que seus pais, impressionados, em pouco tempo faziam das mudanças observadas nos filhos, Dora Kalff propôs-lhes que experimentassem o método.

Assim, através da criação de suas imagens interiores na caixa de areia, mudanças marcantes ocorreram também em pacientes adultos, especialmente com relação aos seus sentimentos e forma de encarar a vida. Isto tornou evidente que esta terapia não-verbal também possibilita um acesso direto ao inconsciente para os adultos, dando-lhes apoio de maneira decisiva e gerando mudanças positivas em situações de sofrimento agudo.

 

Dora Kalff concluiu que o Jogo de Areia propicia a criação de um espaço que desperta e apóia a auto-cura e a força tanto de crianças como de adultos. Essa realização não pode ser encontrada no mundo externo, mas só na dimensão subjetiva de cada um.

 

O Jogo de Areia se baseia no princípio de que, através da criação com as mãos, as forças que atuam no inconsciente se tornam visíveis e reconhecíveis, e que através das mãos o interior e o exterior se unem. No Jogo de Areia predomina a ação; fala-se pouco, principalmente não de modo imediato ou de maneira racional e interpretativa. Dentro da moldura protetora da caixa de areia, a pessoa cria seu mundo particular, da maneira como ela está constelada internamente neste momento. Cria seu microcosmo pessoal e as figuras representam as forças que nele atuam.

                       

O profissional (mediador) comporta-se como observador, faz um esquema da imagem na areia e tira uma fotografia no final. Pede que o sujeito conte o que lhe vem à mente, o que mexeu com ele ou o abalou durante o processo. Observa cuidadosamente a imagem com o sujeito, talvez registre o que está vendo, mas, no momento, não faz interpretações. O importante é que depois o sujeito carregue dentro de si o seu mundo, o seu microcosmo. Essa imagem age a posteriore, age emocionalmente e disso pode resultar uma transformação, que pode se manifestar futuramente em nova imagem.

                       

Não só as crianças, mas também os adultos precisam de espaços vazios de toda a espécie, para poder deixar fluir sua fantasia e criar imagens internas. É compreensível que os adultos também se sintam espontaneamente atraídos pela areia intocada, onde tudo é possível, principalmente porque podem se dedicar à criação de imagens, livres e sem obrigação de resultados.

                       

A caixa de areia exerce grande poder de atração sobre crianças e adultos, pois eles têm necessidade humana profunda de dar forma e representar o seu mundo. Sentem que fazer é criativo, lhes faz bem e tem propriedades curativas.

 

Partimos do princípio de que o sujeito deve e pode encontrar, à sua maneira, as forças curativas ou de desenvolvimento em si mesmo. Nos cenários na areia, através das manifestações e imaginações de toda espécie, ele procura o contato com o “outro” lado de sua psique (e do seu corpo), que foi reprimido ou esquecido, ou que nunca teve energia para adentrar a consciência. Na caixa de areia, ele encontra o espaço livre e protegido, em que pode relaxar sua consciência e deixar agir a tendência à autorregulação. O profissional (mediador) não pode “fazer” ou viver o processo pelo sujeito, mas pode vivenciá-lo com ele “com olhar amigo e atento”.

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